Não baixar minha cabeça, seja pelo que for, graças a este meu gênio irrascível de não querer baixar minha cabeça para ninguém, em qualquer lugar e em qualquer tempo, foi uma herança que recebi ao nascer, entregue por meu pai. Isto tem audácia, coragem, valentia, mas tem muito de arrogância também, e tenho um preço muito elevado a pagar a cada instante de meu dia-a-dia por minha personalidade possuir esse traço. Tem sido um espinho torturante para mim ...

Tenho de fazer o que precisar fazer para não haver mal a mais, a mim e a qualquer outra pessoa, se eu puder ter tanta coragem a esse ponto. Costumava sentir-me magnífica de vez em quando. Tinha poder de sentir-me maravilhosa muito facilmente. Porém não existe nada, nada, nada de magnífico ou maravilhoso em mim ultimamente. Um furacão remexeu minha vida em um ano de Marte, com toda resolução de não deixar nada em pé, com perda de amigos e parentes inclusive.

Tenho sido uma loba solitária curando meus ferimentos à sós, lambendo-me e mordiscando-me sozinha em um covil secreto, por mais ou por menos socorro que eu tenha recebido. Uma quantidade fenomenal de meu emocional e de meu sentimental foi remexida pelo furacão de qualquer maneira. Mortificar-me pela minha fragilidade ao lutar e pela minha incapacidade de ser vitoriosa tem sido meu massacre particular com toda selvageria interna e em muita dor.

Um massacre auto-inflingido, em moldes de uma águia semi-suicida, tem sido feito honestamente toda vez que tenho tempo para tanto - algum interesse inominado não deixa de vir embutido nessas pérolas trazidas até mim pelo acaso (que era visto como um deus em tempos longínquos há muito idos). Meus pecados capitais ultra-cometidos tem sido parte muito utilizada de mim mesma nesse processo: ira e orgulho e preguiça, em um sartrianismo a ferro !

Uma sabedoria humana muito auto-exigente foi inculcada em mim por minha mãe e por meu pai em minha educação e tal tem sido tanto um ponto forte quanto um ponto fraco ao meu respeito. Minha mãe: "certo é certo e justo é justo e você tem de terminar tudo o que começar sem protelar". Meu pai: "você tem de lutar até seu último cartucho". Foram formas feminina e masculina de dizer coisa igual de maneira diferente, ao meu ver, nessa minha estrada sinuosa.