Casa de Sil de Polaris

Porque não se fica velho duas vezes !!!

Nome:
Local: Brazil

Eu sou proprietária dessa casinha magnífica que tem sofrido reformas ... ^^

domingo, 1 de julho de 2007

Minhas lembranças trouxeram sua colheita para mim. Eu estava correndo em círculo pela grama molhada de chuva de nosso quintal de manhã enquanto meu avô consertava uma porta de nossa cozinha. Ele havia dito para mim para que eu parasse de correr pela grama molhada porque estava muito perigoso e eu poderia cair e machucar muito. Respondi que não iria acontecer nada de mal comigo, afinal crianças menosprezam perigo tal qual não têm voz de experiência. Fui pega mal acabei de falar: meu pé escorregou pelo barro e pela grama, provocando uma queda de meu corpo inteiro de costas em um rodopio sobre meu braço direito. Não senti dor, mas meu braço ficou bastante inchado. Resultado: meu braço direito estava quebrado, sendo necessário fazer uma visita ao hospital para engessá-lo por muito tempo. Eu não fiquei abalada com nada disso, gostando de brincar de pedir aos outros para assinar em meu gesso.

Outra lembrança levou-me para uma festa de casamento em um sítio grande em outra cidade. Todos desceram para cumprimentar um casal de tios que veio receber-nos. Fechei minha porta de carro, que estava travada por dentro, trancando nossa chave de carro ali. Era carro de minha mãe, com chave de minha mãe, que sabia dar broncas muito mais dolorosas que qualquer palmada, e eu sabia que tinha feito uma bobagem muito grande que traria muitos problemas para todos, que viram tudo o que aconteceu assim que aconteceu. Corri dali, escondendo-me pelos galhos folhosos de laranjeiras de um pomar próximo para não ouvir uma bronca de minha mãe diante de todos, conhecidos e desconhecidos. Ouvi meu avô gargalhando gostoso atrás de mim, divertido sem estar zangado pela travessura involuntária. Aquele problema foi resolvido muito facilmente mais rapidamente que tudo o que eu esperava, olhando de longe.

Eu estava voltando com meu avô para sua casa, vindo de um passeiozinho pelo quarteirão, quando encontramos uma pombinha de asa quebrada pelo caminho em um cantinho de calçada junto a uma parede. Ele disse para deixarmos que ela ficasse ali quietinha para sarar devagarinho sozinha mas eu fiquei mobilizada pela pombinha e não aceitei ir para casa deixando-a sozinha ali, perguntando para ele se ele gostaria de ser deixado sozinho ali por alguém que tivesse encontrado com ele pela calçada e visse que ele estava com seu braço quebrado. Ele não respondeu, mas sorriu. Ficou olhando para ver se eu conseguia pegar aquela pombinha sozinha, o que fiz, e então voltamos para casa comigo conversando com ele sobre colocá-la em uma caixa de papelão em nossa área de dentro em um lugar alto para não deixá-la em meio de caminho e protegê-la de nosso gatinho. Ela foi levada melhorzinha por ele à pracinha dias depois.

Minha lembrança mais querida de meu avô vem de quando eu tinha cinco anos. Nós estávamos para mudar para uma casa nova, longe de casa de meus avós. Nossa casa nova precisava de reformas pequenas e meu avô foi encarregado de pintar nossos quartos, a pedido de minha mãe. Eu queria que meu quarto fosse pintado de cor de rosa, o que foi feito. Fomos ver nossos quartos pintados no dia em que meu avô estava terminando de passar uma segunda demão na última parede de meu quarto. Ele tinha ido lavar seu rolo de pintor quando eu vi sua lata de tinta cor de rosa. Pensei em pintar também, em uma parede de pintura novinha em folha, próxima à porta. lembro-me muito bem de haver pensado que não haveria importância porque nada mais iria aparecer depois que aquela tinta secasse porque eu estaria pintando com cor de rosa sobre cor de rosa. Minha viu o que eu estava fazendo, mas viu muito tarde para poder impedir.


"Ai, Sil, o que você está fazendo ???!!!" - minha mãe perguntou mortificada.

"Um coelhinho !" - uma resposta própria de criança inocente, entendendo outra coisa daquela pergunta.

"Mas seu avô acabou de pintar essa parede direitinho !" - ela respondeu consternada.

"Mas eu fiz um coelhinho dessa cor !" - eu respondi toda cheia de razão inocente.

"Não era pra fazer isso !"

"Tá bom, mamãe ..."

"O que foi ?" - ouvi meu avô perguntar.

"Pai, Sil fez um coelhinho na parede que você acabou de pintar !"

"Ora, deixa eu ver onde ele está ..."

"Vovô, eu coloquei ele aqui, olha !"


Meu avô não viu aquele coelhinho logo ao primeiro olhar, mas riu quando encontrou-o. Eu estava apreensiva porque pensava que ele iria dar-me uma bronca, mas sorri também quando escutei meu avô rir ao ver meu coelhinho (que eu desenho igualzinho até esses dias, péssima em desenho livre). Ele voltou a pegar seu rolo de pintor, dizendo para eu descer para ir brincar e voltando a pintar meu quarto para tudo ficar perfeito. Tenho muita saudade dele, puxa !