Censura. Uma atitude bastante polêmica, acalentada por uma facção e rechaçada por outra facção. Recebi e-mail de três pessoas diferentes falando sobre uma pesquisa em um site ministerial a respeito de censura contra anime, avisada aos fãs por uma matéria de site concernente. Li cada e-mail e visitei seu link oferecido, tanto daquela matéria quanto daquele site. Não havia nada que indicasse ou sugerisse, mesmo subliminarmente, que haveria qualquer espécie de censura sob forma de corte de capítulos ou cenas quanto aos animes (desenhos animados japoneses), que costumo assistir quando tenho possibilidade, naquela pesquisa indicada. O que havia era coleta de dados de cidadão e uma série de perguntas para todo aquele que aceitasse participar. Era uma pesquisa para estabelecimento de horário apropriado para transmissão de anime para crianças, pelo que julguei aquela matéria indicada como indutora e mentirosa. Respondi à pesquisa, consciente de não estar de mãos dadas com diabo algum.

Sou contra censura, qualquer que seja, mas não sou contra sensatez. Não sou mais uma adolescente pronta a fazer revolução a todo momento e levantar bandeira em toda situação. Vivi muito bem essa etapa de minha vida, colhendo frutos muito bons dela, pelo que fiquei indignada com aquela matéria indutora e mentirosa, além de surpresa ao ver amigos entrincheirarem-se contra uma suspeita não-investigada de censura começando a formar regimentos contra um governo pernicioso que quer cercear nossos direitos e macular nosso prazer. Não havia nada que combater ali. Aquela pesquisa era pedagógica e pouco tinha de governamental, feita de forma aberta e não-diretiva, muito democrática. Agradei-me bastante de seu estilo. Respondi conforme meu julgamento. Senti raiva daquela matéria e não daquela pesquisa. Existe uma ignorância imensa em relação ao anime nesse país, entretanto não será um boicote contra uma pesquisa séria que irá melhorar ou resolver esta questão.

Sou contra censura. Sou tia também. Tenho um conhecimento razoável em anime e cartoon, portanto sei que ambos tem estilos diferentes, o que faz com o que nunca surge em um seja mostrado prodigamente em outro. Sangue por exemplo. Sou favorável a se mostrar em um desenho animado, seja estado-unidense, seja japonês, seja etc, que cortes sangram e ferimentos doem. Mas sou favorável à sensatez também. Muito poucos desses desenhos animados exibidos em nossas telinhas foram feitos para crianças. Quase todos foram feitos para adultos. E isto há anos. Três gerações mais ou menos. O que meu sobrinho vê atualmente, em sua maioria, foi visto por mim quando menina e por minha tia caçula antes de mim. Meia dúzia desses animes exibidos em nossas telinhas, agora ou antes, são para criança. Sua maioria são para adolescentes e adultos. Aquela pesquisa pedia opinião pública para regrar horários para eles todos. Não falava de censura, em momento algum, sequer velada.

Todo fã de anime e mangá conhece algo muito divulgado, em nosso meio fã pelo menos, chamado "segmentação de mercado", portanto tem conhecimento inequívoco de que aqueles animes que vimos não foram feitos para nossos irmãozinhos ou priminhos ou sobrinhos de até dez anos. Esse levante automático repleto de indignação contra uma censura iminente, sugerida por um irresponsável, tem muito de egoísmo em manter prazer pessoal e pouco de sensatez.