Casa de Sil de Polaris

Porque não se fica velho duas vezes !!!

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Local: Brazil

Eu sou proprietária dessa casinha magnífica que tem sofrido reformas ... ^^

segunda-feira, 7 de março de 2005

Ficar em fila de ponto de ônibus significa tornar a encontrar um sujeito que tenho encontrado com muita freqüência porque ele pega ônibus no mesmo lugar que eu. Tenho raiva desse homem por conta de seu comportamento execrável, cheirando a alcool e cigarro e falando palavras grosseiras a quem der-lhe vontade, sendo pior que um mendigo de rua, o que sei que ele não é, arrastando um cobertor por toda parte sem necessidade nenhuma desse cobertor. Isto bastaria para eu ter raiva desse sujeito porque o que faz um homem ficar acabado diante de mim é ele ser mal-educado, pouco importando beleza ou status ou trabalho ou o que for que esse homem possa ter. Nunca ouvi uma palavra torta desse sujeito mas fui surpreendida por ele jogando seu cobertor por cima de mim, imaginando que eu estivesse com frio, sem oferecer ou pedir licença para mim, sem parar de atirar aquele monte de trapo por cima de mim por mais que eu dissesse para parar. Meu sangue italiano fez-me torcer meus maxilares.

Lembro que arranquei aquele cobertor de cima de mim jogando-o contra ele, mandando-o para longe de mim com aquele trapo. Discuti com esse sujeito por tempo suficiente para fazê-lo ir para longe de mim realmente porque era desperdício energético discutir com um bêbado. Pior era ouvi-lo e vê-lo sentir-se ofendido julgando-se com razão por ter querido fazer-me um favor. Foram cinco minutos de discussão mais ou menos. Uma discussão que não foi pior porque eu estava com capuz pelo friozinho dessa manhã graças à chuva e aquele trapo não tocou em meus cabelos. Tive paciência rancorosa, se é que isto existe, de explicar que favor se oferece ou se pede, sem fazer o que se quiser aos outros. Voltei a vê-lo esta tarde ao voltar de ônibus, de onde estávamos para de onde viemos. Queria conversar comigo para matar tempo até seu ônibus chegar. Mas eu tenho tido de lidar desprazerosamente com esse sujeito há muito tempo, mesmo sóbrio. Não havia meio de eu querer conversar com ele fosse pelo que fosse depois de todos aqueles problemas.

"_ Ficou brava comigo por causa de meu cobertor ?"

"_ O que você acha ?"

"_ Acho que você ficou brava comigo."

"_ Resposta certa."

"_ Porque você é encrenqueira e revoltada desse jeito ?"

"_ Sou encrenqueira e revoltada ?"

"_ É muito encrenqueira e muito revoltada, querida !"

"_ Não sou sua querida. Você coloca sua culpa nos outros sempre."

"_ Eu quis ajudar !"

"_ Não tinha nada em que ajudar e você sabe muito bem disso !"

"_ Certo. Vamos conversar então."

"_ Não quero conversar com você."

"_ Por que ?"

"_ Porque você não tem nada a dizer que eu queira ouvir."

"_ Deixa eu tentar agradar você."

"_ Esforço inútil."

"_ Chata !"

"_ Ora, chata por que ? Porque não quero conversar com você ?"

"_ É !"

"_ Ora, se eu sou chata por causa disso ... Vou continuar a ser !"

Era conversa suficiente entre ele e eu para deixar aquele sujeito longe de mim. Falar com ele como ele queria era autorizá-lo a querer ser amiguinho. Não precisava de mais um problema em minha vida.

Não abençôo ou perdôo homem mal-educado, pelo que basta uma vez comigo: nunca mais terá minha boa-vontade se tiver sido mal-educado comigo pela primeira vez, não importa por que razão.

Uma exceção aos meus familiares, que são todos descendentes de gente de sangue quente portanto grosseiros por temperamento quando der-lhes assomos, senão nunca mais falaria com parentes masculinos.