Casa de Sil de Polaris

Porque não se fica velho duas vezes !!!

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Local: Brazil

Eu sou proprietária dessa casinha magnífica que tem sofrido reformas ... ^^

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sumário de minha vida nesta última década:


2000 - Eu estava recebendo minha graduação em fevereiro desse ano. Foi um ano de distribuição de currículos enquanto eu trabalhava como supervisora de recenseamento pro governo federal, o que durou pelo ano todo. Foi um ano para começar a entender como relação de subordinação tem costumado funcionar em prática, comigo trabalhando para pessoas que estavam fazendo carreira naquele setor mas que não deveriam ou não poderiam estar ali.

Eu fiz meu trabalho tranqüilamente, enfrentando e resolvendo problemas causados pelos meus chefes e pelos meus recenseadores. Eu estava namorando quando aquele ano terminou e todo meu trabalho, de caráter temporário, planejado para durar um ano, estava terminado também, com tudo quite de parte a parte. Eu fazia parte de uma turma variada de "otakus" naquele ano, criando laços variados de camaradagem com cada um de todos eles a partir daquele momento.


2001 - Eu estava trabalhando em uma clínica de atendimento fonoaudiológico e psicoterapêutico em centro de cidade, com muitos pacientes sob tratamento, todos de classe social muito pouco favorecida. Eu tinha um namoro de um ano de vida com um rapaz que declarou estar apaixonado completamente por mim, o que pegou-me de surpresa totalmente porque existiam coisas que eu queria ouvir acalentadas há muito tempo mas eu não esperava que fosse ouvi-las realmente.

Minha família era e estava feliz nesse ano, mas eu começara a ter problemas com minha cunhada e com meu irmão, que pediram que eu fizesse parte de criação de meu sobrinho como sua tia toda vez que eles precisassem mas que nunca aceitaram minha intervenção - a não ser por uma vez abençoada - quando eu intervinha ao meu talante, atendendo à minha promessa mas sem pedido de ajuda por parte de ambos. Eles nunca gostaram, mas eu não sinto arrependimento.


2002 - Eu terminei meu namoro com aquele rapaz porque ele estava apaixonado por mim mas eu não estava apaixonada por ele suficientemente para não correr risco de apaixonar-me perdidamente por outro homem, que eu acreditei ser meu amor pela minha vida inteira, mas nunca estive tão errada a respeito de algo. Ele havia sido um sonho romântico muito querido, mas vontades contrárias não cultivam sonhos: produzem pesadelos unilaterais intensamente.

Mudei meu endereço de trabalho para um consultório próprio, trazendo meus pacientes, que foram muito bem socorridos e tratados profissionalmente. Minha sobrinha linda nasceu em março desse ano. Eu comecei a namorar aquele que foi meu sonho romântico muito querido em março também, cinco dias após ter sido transformada em tia de fato pela segunda vez. Meu cultivo de namoro, com enamoramento intenso unilateral (comigo apenas), havia começado.


2003 - Eu estava namorando aquele que eu julgava ser meu inzad. Um namoro que deu-me um trabalho enorme mas nenhuma satisfação eterna que eu pudesse guardar como lembrança querida. Foi um ano de altos e baixos em que eu tive que cortar um dobrado em meu namoro, quase posto de lado completamente pelo meu consorte. Eu sequer fazia idéia de que aquele rascunho de ensaio, que eu via como namoro em minha ilusão profunda, estava em risco sério.

Meu trabalho era controlado e estava crescendo. Eu reencontrei um amigo de meus tempos de faculdade em agosto desse ano. Então comecei a atuar como equilibrista, conciliando meus problemas com problemas de meu consorte, cuidando dele e de mim sozinha, sem vê-lo cuidar de mim e de si também. Eu havia tomado contato com um egoísmo embutido existente nele, que eu não havia percebido mesmo ali, mas que fez-me um mal horroroso como nunca antes.


2004 - Minha vida profissional estava progredindo, comigo cuidando de alguns atendimentos que atingiram situação de encerramento, mas minha vida afetiva-amorosa estava enfraquecendo e naufragando. Um período de muito sofrimento por um coração partido começou em novembro para mim, pagando em vida por todo sofrimento que eu havia feito meu namorado anterior enfrentar. Foram quase três anos de namoro contra quase três anos de sofrimento. Doía muito.

Não havia uma vez em que eu não chorasse e não sofresse toda vez que algum acontecimento qualquer, por mais banal que fosse, conseguisse produzir um instante em que eu pensasse nele, lembrando tudo o que ele fez e não fez e tudo o que eu fiz e não fiz, dentro de um sonho lindo perdido completamente sem nunca ter sido concreto minimamente. Sofrer por amor não-correspondido é terrível. Tão terrível que morrer de coração partido não causava-me pavor.


2005 - Eu não namorava e sofria, pensava e sofria, trabalhava e sofria. Era um sofrimento tão intenso que chegar a pensar por uma vez que eu poderia não acordar ao amanhecer por estar morta por tanto sofrimento não foi uma idéia assustadora: morrer pareceu ser uma benção, então que minha morte viesse se deus quisesse, tudo simples assim. Então fui acometida por uma idéia luminosa, ousada para minha vida pacata de bastidores: fazer um cosplay medieval.

Meu primeiro cosplay foi encomendado à modelista de um ateliê medieval, imaginado e planejado em cada detalhe: adorno, maquiagem, penteado, sapato, vestido com seu manto. Minha estréia foi quieta, com um sucesso que eu não esperava traduzido em fotos numerosas. Mas eu ainda estava triste. Um primo de seis meses de idade faleceu ao fim desse ano, sendo que eu mal conhecera-no, mas chorar agoniadamente pela sua perda foi imediato e muito doloroso.


2006 - Eu tinha sido liberta de meu amor intenso pelo homem que eu pensava ser meu inzad. Era possível lembrar de que eu quisesse em relação a ele sem sentir ciúme ou mágoa ou saudade ou tristeza, mas sentia muita raiva. Uma raiva formidável que deu-me poder para reequilibrar-me, mesmo após tanto sofrimento de anos por um amor grandioso jamais correspondido. Eu podia rir de suas burradas face à face sem qualquer constrangimento, o que era freqüente.

Mas não pude muito nesse meu renascer nesse ano: meu avô faleceu em março, levando minha alegria com ele. Todo meu sofrimento de anos a fio por um homem que havia demonstrado não ser merecedor de que qualquer mulher sofresse daquela forma por ele foi reduzido a nada diante de uma perda daquela magnitude. Meu avô era morto. Minha avó era viúva. Então eu entendi toda força de homenagem de uma "formação de homem ausente", criada pela perda de alguém.


2007 - Eu estudava e trabalhava, fazendo estágio e prestando concurso. Nunca mais havia tornado a namorar, mas fazia tempo razoável que eu tinha um amante. Minha vida afetiva-amorosa estava morna. Ter meu amante era lisonjeiro e tentador, muitas vezes agradável, muitas vezes complicado, mas compensador ao final. Porém o que tinha alguma doçura começou a empobrecer e enfraquecer cada vez mais por uma série de ninharias surgindo entre nós.

Fazia quase um ano que eu estava sendo transformada em dama de companhia e enfermeira de cabeceira para minha avó, que ficou muito abalada pela sua viuvez. Minha tia-avó, sua irmã primogênita, proprietária de um de meus paraísos de infância, faleceu em maio desse ano, o que não fez bem para minha avó. Perder seu esposo e sua irmã dentro de dois anos seguidos foi um baque forte que ela sentiu em silêncio, repercutindo em seu íntimo dia a dia com toda certeza.


2008 - Eu fui à praia, em três ocasiões esparsas pelo ano inteiro, o que quer dizer bastante se eu for comparar com todos meus anos anteriores em que eu não fui ao litoral, além de que fazia dois anos que eu não ia à praia e não viajava para lugar algum. Foi nesse ano que uma amostra de parte de tudo o que existe de pior por parte de um ser humano foi posta pelo meu caminho à covardia e pelas costas em duas ocasiões diferentes, a enfrentar como foi possível para mim.

Pude refazer-me rapidamente de um mal em que fui vencedora. Mas tem custado um bocado refazer-me de um mal em que fui vencida completamente. Eu estou começando a reencontrar minha força, por menor que ela seja, mas continuo sentindo muita raiva contra mim mesma pelo nada que pude fazer por mim mesma. O que aconteceu-me de mal, com ou sem um final feliz para mim, continua reverberando em meus pensamentos, em minha busca por mim mesma.


2009 - Meu ano começou quieto e sem graça, quase passando despercebido porque eram 23:55 quando lembrei de olhar em meu relógio pela primeira vez. Eu comecei este ano sem amante, sem namorado, sem pretendente. Meu trabalho está sob controle embora não esteja tão coordenado quanto eu apreciaria. Eu não fiz sequer uma resolução de ano novo, o que nunca fiz em toda minha vida por sinal, e não tenho expectativas para este ano. Estou sonâmbula por ele.

Tudo o que quero é reencontrar-me. Tenho pretensão de reestruturar meu horário de trabalho e meu tempo pra família, reencaixando meu tempo pra mim nesse meu calendário, mas estou terminando este primeiro mês sem ter feito qualquer movimento a esse respeito porque ter sido submetida à mercê alheia por estranhos completos tem-me enfraquecido e envenenado sem eu conseguir enfrentar realmente todo esse veneno, ficando solitária como eu nunca estive antes.

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