Casa de Sil de Polaris

Porque não se fica velho duas vezes !!!

Nome:
Local: Brazil

Eu sou proprietária dessa casinha magnífica que tem sofrido reformas ... ^^

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Lembro-me de meu avô em nossas conversas de mesa de cozinha, onde gostava de ficar para mostrar seus pertences mais queridos para mim e para outras pessoas, como suas filhas e seus netos. Mostrava cartas que recebeu de parentes distantes, documentos antigos escritos em letra rebuscada cheia de consoantes dobradas, fotos de família que tinha guardadas consigo em uma pasta de papel, fazendo questão que eu lesse tudo e visse tudo, com gosto e sem pressa. Ele costumava cantarolar suas músicas caipiras queridas quando estávamos sentados ali juntos, conversando sobre suas lembranças, como seu trabalho de lavrador em cafezais e canaviais que não pertenciam mais à sua família ou ao seu pai. Eu via seus olhinhos ficarem marejados de lágrimas de saudade, comovido com suas lembranças, quando ele cantava suas canções caipiras queridas. Eu adorava olhar para seus cabelos brancos cortados curtos e para seus olhos verdes de brilho arredio e travesso nesses nossos momentos felizes.

Sua certidão de eucaristia muito velhinha foi emoldurada por ele para fazer um quadro pequeno que ele deixava guardado em seu armário, pendurado em sua parede de fundo atrás de seus cabides de camisa. Ele gostava bastante de guardar aqueles pertences mais queridos, de tamanho pequeno pela sua simplicidade, como uma moeda italiana feita com vinte gramas de prata, que deu de presente para mim, e um retrato de sua família, com seus irmãos e seus pais em sua propriedade rural daquela época. Meu avô perguntava sempre para mim se eu ainda tinha aquela moeda italiana, ao que eu respondia que ela estava guardadinha em meu criado mudo em meu quarto desde que ganhei-a de presente. Meu avô quis saber uma vez se eu conseguia adivinhar quem era ele naquele retrato de família. Não precisei mais que um minuto para adivinhar acertadamente. Ele era um menininho de seus cinco anos de idade, fazendo uma carinha muito brava para seu fotógrafo naquela manhã velha.

Ver sua neta primogênita saber adivinhar quem era ele naquela fotografia fez meu avô rir e sorrir de prazer. Minha tia preferida perguntou para ele porque ele estava fazendo aquela carinha de bravo naquele retrato. Ele sorriu, respondendo a rir que ele havia recebido um beliscão de seu pai porque ele não parava quieto para tirar aquele retrato de família. Ele lembrava daquele momento muito bem, sem raiva contra seu pai, um italiano tão calabrês quanto possível. Pude reconhecer meu irmão, meu primo, meu sobrinho naqueles traços de menino de meu avô, lindo como foi sempre. Estas lembranças são muito queridas para mim e muitas delas ressurgem de repente em minha mente, acordadas por algum gatilho de memória. São um legado que recebi e um tesouro que tenho guardado. Um motivo muito forte para ser grata pelas mensagens religiosas oferecidas à leitura para trazer compreensão e consolo naquela estante de metal e vidro, que reorganizo ao encontrar revirada.

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