Casa de Sil de Polaris

Porque não se fica velho duas vezes !!!

Nome:
Local: Brazil

Eu sou proprietária dessa casinha magnífica que tem sofrido reformas ... ^^

sábado, 13 de março de 2004

Estive em um salão de soalho de madeira essa semana. Estava sendo encerado com aquela pasta branca de brilho incolor que dá tom de novo ao velho. Era um soalho de tábuas longas, feito na primeira metade de século passado (XIX). Aquele cheiro agradável de madeira encerada fez com que eu lembrasse de minha infância em casa de meu avô, onde aprendi a deslizar pelo chão encerado, para ira de minha avó.

Lembrei que costumava ficar sentadinha a um canto, em uma poltrona grande e larga, entre penumbra formada pelas cortinas, ouvindo meus disquinhos de historinhas. Eu tinha muito medo de mexer um dedinho quando ouvia "Chapeuzinho Vermelho" porque acreditava que seu lobo era poderoso e morava naquela estante de sala onde nossa vitrola ficava. Pensava que ele poderia vir pegar-me se eu mexesse um dedinho porque então ele saberia que eu estava ali.

Tinha uma sensação de aconchego e proteção naquela sala de paredes sólidas apesar de velhas, banhadas pela penumbra de cortinas que ficavam fechadas para deixar aquela sala mais bonita, toda encerada em cada milímetro de seu soalho de taco de madeira, conhecida e fresquinha, onde fazíamos nossas festas de aniversário e natal. Cresci naquela casinha de meus avós durante meus primeiros anos de vida. Foram cinco anos e meio vivendo ali.

Uma sensação de aconchego e proteção, como vindo de algo invencível, que existiu sempre e existirá para sempre, voava até mim toda vez que eu ficava naquela sala. Ou toda vez que eu estava no bosque ou na floresta ou no pomar. Onde houvesse árvores. Onde houvesse madeira. Como se algo sólido que deu forma à eternidade abençoasse meu espírito. Não temia lobos. Um lobo único que temi em minha vida foi aquele lobo de "Chapeuzinho Vermelho".

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