Casa de Sil de Polaris

Porque não se fica velho duas vezes !!!

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Local: Brazil

Eu sou proprietária dessa casinha magnífica que tem sofrido reformas ... ^^

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Memória de meus três anos de idade que eu guardei comigo mesma sem precisar de um contador de minha história. Fui conduzida para ser internada em um hospital de misericórdia para fazer uma cirurgia para corrigir problemas oculares. Fui levada por uma tia, que era enfermeira ali, para uma saleta de pré-operatório quando tudo o que foi preciso organizar a respeito de papelada ficou pronto. Minha família inteira estava ali. Sentia-me em casa.

Não chorei nadinha, sem um pingo de medo de qualquer coisa, quando minha tia-enfermeira levou-me para longe de meus avós, meus pais, meu irmão, minhas tias e tudo o que eu tinha levado comigo para brincar. Fui deixada em uma saleta, onde havia dois enfermeiros, um homem e uma mulher, que conversaram com minha tia, que saiu logo depois. Eles disseram que eu iria receber uma visitinha e seria uma visita surpresa muito importante.

Senti curiosidade, perguntando o que era, mas eles ficaram fazendo mistério por entre risadinhas. Eu não insisiti mais quando percebi que iria ficar sem resposta. Decidi que eram dois bobos e resolvi continuar a brincar, rolando e saltitando pelo banco comprido de estofamento preto onde minha tia tinha feito com que eu ficasse sentadinha. Aqueles enfermeiros vieram para perto de mim não muito tempo depois com suas confabulações.

Tinha uma abelhinha que tinha vindo fazer uma visitinha para mim. Era mesmo uma abelhinha miudinha, que pareceu ser feita de borracha molegata. Era um disfarce escondendo uma injeção de anestesia. Disseram que era para eu olhar para outro lado enquanto aquela abelhinha estivesse fazendo alguma coisa. Não recordo dessa desculpa que deram. Recordo de uma picada dolorida, mesmo muito rápida, com muito choro, enquanto aqueles enfermeiros riam e riam.

Tornei a pensar que eles eram dois bobos que tinham deixado eu ficar chorando sozinha, sem darem um abraço em mim para consolar. Fiquei chorando enquanto lutava contra aquela dor e um sono formidável que passei a sentir. Acordei sem ver nadinha, sentindo esparadrapos em meus olhos. Pressenti uma presença dupla aos meus pés. Estava deitada em uma caminha. Tentei abrir meus olhos mas não consegui. Tinha muito esparadrapo neles, que não pude tirar.

Uma vozinha de choro chamou em tom alto: "Mamãe !" Era eu, querendo que minha mãe fosse uma daquelas presenças que eu sentia aos pés de minha cama. Era ela. Mas eu pressenti que ela estava chorando baixinho, tentando não ser ouvida. Era meu pai quem estava junto com ela e foi ele quem conversou comigo. "Onde estou ?" " No hospital." "Porque eu não estou enxergando nada ?" "Porque seu médico, Dr. Irineu, fez um curativo nos seus olhinhos."

Um sono muito forte ainda estava tomando conta de mim. Meu pai pediu que eu ficasse quietinha para dormir um pouco mais e eu aceitei. Dormi realmente. Meu pai deve ter ficado consolando minha mãe quando voltei a adormecer. Não lembro de haver demorado muito tempo para eu receber alta. Minha mãe e meu pai dizem que não fiquei internada por mais que três dias mais ou menos. Enfrentar sol foi meu problema único por algum tempo.

Mas que raiva guardei contra aqueles enfermeiros ! Reprovei aquela atitude completamente.

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