Casa de Sil de Polaris

Porque não se fica velho duas vezes !!!

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Local: Brazil

Eu sou proprietária dessa casinha magnífica que tem sofrido reformas ... ^^

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vida tensa e vazia. Seria assim que eu descreveria minha vida atualmente se alguém pedisse que eu fizesse uma descrição em poucas palavras. Verdade que eu sei muito bem que tudo isso não estaria incomodando tanto se eu não houvesse sido assaltada sem qualquer possibilidade de escapatória, ou mesmo uma oportunidadezinha de auto-defesa, naquela noite, nove meses atrás. Tempo suficiente para uma criança nascer, mas não tem nascido nada por onde eu tenho estado.

Voracidade por aprender e ensinar toda vez que eu pudesse era o que eu tinha antes daquele assalto. Mas eu fiquei com meu espíríto muito deprimido, partido ao meio, desde aquela noite, sem conseguir livrar-me. O que eu tenho querido mais ? Simples: revanche ! Mas não tenho pista ou sinal a perseguir, sequer tenho conseguido lembrar daqueles rostos, o que tem tornado inviável qualquer possibilidade de eu caçar como eu fui caçada. Tenho tanta raiva a respeito !

Zen. Ser zen. Isto é o que têm insinuado para mim quando tenho impulso de conversar a respeito ao imaginar ver uma abertura para tanto, mas tenho sido iludida toda vez que pensei ter visto uma abertura para conversar, a ponto de precisar procurar por uma colega de profissão para ter algum progresso em qualquer direção. Uma revanche era tudo o que seria preciso para eu conseguir sentir-me melhor, mesmo que eu fosse morta nesse processo, o que seria provável.

Eu fui agarrada pelo braço direito por um sujeito uns trinta centímetros maior que eu, musculoso suficientemente para ser mais forte que eu, quando eu não tinha esboçado qualquer reação, sem dizer uma palavra e sem fazer um gesto. Dali em diante tudo de que posso lembrar é de ser agarrada cada vez mais e mais por ele, com meu braço direito cada vez mais torcido em minhas costas, com aquele sujeito colando-se a mim, passando suas pernas por entre minhas pernas.

Eu não tinha qualquer campo pessoal para onde ir para ter como ficar longe daquele homem. Sequer colocar um palmo entre meu corpo e seu corpo eu pude. Tudo o que vi por último foi seu comparsa, vindo pela esquerda para agarrar meu braço com minha bolsa enquanto seu cúmplice forçava minha cabeça para baixo enterrando seu cotovelo em meu pescoço. Começaram um cabo de guerra contra mim onde eu estava em posição de ser corda, até que minha bolsa arrebentou.

Fiquei caída para ser pisoteada, vendo-os fugir sorrindo com meus chaveiros, meus documentos, meus endereços, todo meu dinheiro e muito mais, com tudo investido pelos meus sentimentos, pois aquela bolsa tinha coisas que ganhei de minha avó, de minha mãe, de meu pai em ocasiões especiais. Aquele horário não era tardio. Aquele lugar não era perigoso. Eu não havia posto meu pescoço em risco como uma tonta por escolher um caminho péssimo. Mas fui caçada.

Fui caçada e não saí ilesa. Não foi prejuízo material apenas o que aqueles malditos ordinários conseguiram causar contra mim. Feriram meu orgulho profundamente. Eu cheguei à casa de minha avó despenteada, com meu corpo repleto de cortes e hematomas, minha blusa rasgada com meu seio esquerdo à mostra e minha calça marcada de sangue de minhas feridas, sem ouvir um oferecimento de ajuda, sequer quando aqueles malditos ordinários haviam ido embora.

Meu braço direito dói de repente, até mesmo ao fazer um movimento de espreguiçar ao acordar deitada em minha cama. Aquele sujeito teria conseguido deslocar meu ombro ou quebrar meu braço se eu tivesse conseguido resistir um pouco mais, não fosse pela fraqueza de minha bolsa. Eu não tenho brincado mais. Eu não tenho cantado mais. Eu não tenho rido mais. Tem restado chorar pela impotência por minha auto-defesa e por não poder caçar quem quer que seja !

Todavia nunca fui florzinha de estufa. Eu estou acostumada a lutar por mim mesma desde menininha, principalmente quando não teria qualquer possibilidade de ajuda. Chorar não irá adiantar-me de nada. Poderia aliviar meu coração e meu espírito de alguma forma, mas não resolveria coisa alguma. Eu adoraria pode tomar uma atitude para ter uma revanche contra aqueles vagabundos, mas aguardar e esperar tem sido tudo a fazer, o que é de exasperar !

Sentar-me para aguardar e esperar por prejuízos maiores, caso queiram utilizar meus pertences para lesar terceiros, sem eu ter o que fazer a não ser rezar para que forças superiores protejam a todos desse mal, tem sido tudo o que pude fazer. Tem mesmo quem queira que eu fique feliz por não ter passado por mais nada, tendo que ficar satisfeta com essa condição dentro dessa situação, cáspita ?! Como eu queria que um deus ou um diabo pusesse minha revanche em minhas mãos !

Tudo o que tenho acumulado desde aquela noite é prejuízo sobre prejuízo, sem ter qualquer prazer como era antes ou como eu preferiria que fosse. Ver muitas de minhas coisas, de minhas roupas, de meus sapatos, pois não era pouco o que havia em meu armário em meu quarto em casa de minha mãe, amontoando e espalhando pela saleta de meu avô não é agradável de forma alguma. Chorar é um de meus desejos ao ver aquele cenário mas minha raiva é muito maior.

Uma praga contra minha mãe ficou pendurada pela ponta de minha língua ontem de manhã. Como eu posso amar tanto uma pessoa mas sentir tanta raiva contra ela pelo que ela fez comigo, vendo-a considerar que ela estava certa, sem um sinal de arrependimento sequer ?! Porque eu sou imbecil ! Por isso ! Eu quis arremessar todos meus pertences pela janela ! Eu quis incendiar cada milímetro dentro daquela saleta ! Eu quis ! Eu quis ! Eu quis ! Mas nada fiz ! Problemático !

Eu estou cansada de viver lidando com gente mesquinha e ordinária ou com pessoas que acreditam que podem falar ou fazer o que quiser contra mim ou para com meus pertences ou para com minha pessoa pelo fato de eu haver estado sob sua autoridade um dia. Eu precisaria de férias de um ano inteiro longe de todos e de tudo o que conheço, em uma ilha longínqua, feito Robinson Crusoé. Chorar tem sido uma vontade constante. Mas chorar pelo que ? Nada conta !

Eu queria muito poder reencontrar-me com aqueles vagabundos, mas com alguma vantagem ao meu favor dessa vez, sem ser caçada e cercada daquela maneira horrível e premeditada, sem qualquer possibilidade de auto-defesa ou contra-ataque. Ter como defender-se faz muito bem a uma pessoa, mas ficar à mercê completamente de um bando de brutamontes que estavam dispostos a fazer-lhe todo mal possível para ter o que queriam foi de um impacto brutalizante.

Eu tenho consciência de que estou castigando a mim mesma ao invés de fazer-me bem de verdade com toda essa catarse mas um coisa é o que sei em meu coração e uma coisa é o que sei em minha mente, sendo que ambos não estão entrando em um acordo entre si há muito tempo. Talvez eu devesse começar a fazer uma pauta de que fazer em meu dia-a-dia mas tem sido complicado ser otimista por saber que existem perdas humanas que estão chegando depressa ...

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