Casa de Sil de Polaris

Porque não se fica velho duas vezes !!!

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Local: Brazil

Eu sou proprietária dessa casinha magnífica que tem sofrido reformas ... ^^

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Muito papel foi olhado e reolhado em toda minha bagagem de semi-desalojamento e semi-expulsão de casa de minha mãe. Muita coisa foi guardada. Muita coisa foi jogada. Muita coisa foi separada para ser revista. Meu primo ganhará tudo o que eu tiver de Anime Big, Anime Illustration, Anime Nation, New Type, etc. Muitas apostilas de várias disciplinas colegiais foram lançadas à reciclagem sem piedade por serem papel sem utilidade, além de não ter atualização.

Um pertence que jamais mandarei para reciclagem, que foi algo que aprendi a respeitar com quase-reverência, ensinada por meu pai, chama-se livro. O que eu encontrar de livro será protegido e separado para ser relido para então decidir se serão doados, mantidos, presenteados. Estive brincando de picar papel em um moedor automático de papel que tritura até cartão magnético e unidade de CD. Muito de tudo o que tinha para picar era papel velho sem jeito.

Vi tudo o que continha meu endereço e meu nome para picar tudo, incluindo muitas e muitas folhas de anotação de experimento de laboratório onde eu ficava atormentando meu ratinho de caixa de contenção com condicionamento de comportamento, discriminação de estímulo, extinção de comportamento. Pobrezinho de meu ratinho de olhos vermelhos e pêlos brancos, numerado como sujeito 41, pelo que batizei-o de Ben-Hur (quem quiser saber porque veja esse filme !).

Quase duas dúzias de folhas de anotações e gráficos de experimento de laboratório comportamental, que duraram horas, foram picadas com todas suas curvas aceleradas positivamente e entradas de resposta (pelo que minha certeza absoluta de que eu não teria que lidar com Física e Matemática em uma Faculdade de Psicologia foi por terra). Enfim: minhas dezesseis sacolinhas de livro, papel, texto foram reduzidas ao número fantástico de dez unidades.

Um progresso excelente para quem não tem tido muitos momentos substanciosos em qualidade e quantidade para si mesma. Além de que nunca foi-me fácil ter de lidar com uma situação que foi-me imposta desnecessariamente pela arrogância alheia de autorizar-se a desfazer-se de tudo o que não pertencesse a si mesmo. Certifico-me mais e mais a cada dia de que minha avó, minha mãe, minha tia preferida não são muito diferentes entre si nessa mania. Muda-se gradação e só.

Vi o que eu poderia fazer por minhas roupas quando cansei-me de lidar com celulose. Aquela mala imensa, além de qualquer aparência, de roupa lavada que minha mãe tinha abarrotado de veneno foi examinada direitinho. Toda ela havia sido lavada e passada, guardada dobradinha em minha gaveta miserável que não era adequada a tudo aquilo por mais funda e larga que fosse. Tomei um banho em regra para experimentá-las sem estar com meu corpo suado, uma por uma.

Foram trinta peças entre agasalhos, blusas, camisetas para começar, separando bermudas, calças, saias, shorts, vestidos para uma outra ocasião. Afinal agarrei-me ao meu direito de desfazer-me de papel e roupa em meu ritmo, caso não queira o que estiver examinando mesmo, depois de vê-los todos despejados e expulsos de meu armário enorme daquela maneira visigoda de minha mãe calabresa-siciliana. Inclusive porque não tenho móvel compatível onde guardar.

Jamais fui uma maravilha de pessoa cordata e prendada, mas alguma sensatez em minhas atitudes em situações em que fui arrojada pela arrogância alheia eu ainda posso dizer que tenho. Não é falta de um móvel adequado onde rearmazenar meus pertences apenas, pois comprar um móvel novo, como era minha intenção quanto a uma mini-cômoda de gavetas fundas e largas, bastaria. Mas não teria onde colocar um móvel novo em uma casa sem espaço adequado para ele.

Tocar a utilizar minha capacidade de adaptação, usando o que tenho à disposição sem interferir em coisas alheias sem permissão - porque recuso-me terminantemente a fazer a outros o que eu não gostei que fizessem comigo, afinal elas são minha avó, minha mãe, minha tia - foi minha saída honrosa única. Pedi permissão para minha avó para esvaziar uma segunda gaveta, logo abaixo de minha gaveta, cheia de colchas que realoquei em uma prateleira superior. Trabalhei ali então.

Aquelas trinta peças de roupa foram divididas em duas pilhas iguais, com metade sendo doada e metade sendo guardada. Uma questão de coerência, afinal porque eu iria querer vestir blusas tão curtas pela barra e pela manga, que pareciam blusas de irmãs de cinco anos de idade ou de dez anos de idade, embora seu corpo encaixasse muito bem em meu corpo, mas quando chegavam à altura de meu busto, oh, senhor ! Que sirvam de agasalho para quem precisar nesse inverno !

Inclusive porque meu busto não tem que aparecer em lugar algum, a menos que eu esteja em uma piscina ou em uma praia. Mas não tem sido agradável cuidar de meus pertences dessa maneira nesses últimos três meses. Eu tinha intenção de fazê-lo em meu quarto em casa de minha mãe onde meu armário estava, mas meus últimos três anos de vida foram mudados pelas circunstâncias e necessidades alheias então mal estive em casa de minha mãe gradativamente.

Tal serviço seria feito por mim comigo cantando em outra situação, mas não estou cantando quando faço tudo agora e tenho sentido mágoa e raiva por ser tratada dessa maneira por aquelas a quem eu respeitaria e socorreria sem hesitar quando e se elas precisassem, sem que precisassem pedir. Tenho uma sensação de fim de linha, como se eu estivesse executando meu funeral. Afinal este ano tem sido um ano antecipado por perdas e repleto de perdas. Brrrrr ! ...

Aquelas cartas de amor que encontrei pelo meio de meus pertences, mescladas com cartões virtuais de amigos e namorados pelo meu aniversário, que eu imprimi para mim, trouxeram saudade e tristeza daquela espécie de saudade e tristeza que uma pessoa sente de algo que ela acreditava que tinha mas nunca teve, entretanto tem certeza que existe em lugar não conhecido. Uma sensação de ser joguete em mãos alheias não abandona meu espírito, que ficou deprimido.

Talvez eu releia aquelas cartas e cartões para cultivar uma dor de cotovelo esquisita antes de separar tudo para fazer um funeral viking de namorado por namorado. Meus amigos eu manterei comigo. Melhor: darei cartões de meus amigos à pureza de fogo e picarei cartas de meus namorados naquele picador de papel que tritura até pensamento. Todos eles, um por um, mostraram ser um equívoco miserável em minha vida, pois eu queria homem e não moleque.

Vontade de chorar ao ver aquelas cartas e cartões amontoados em sacolinhas espalhadas pelo chão junto de outras tantas coisinhas tem sido constante. Mas sinto essa vontade em meu cérebro e não em meu coração. Tudo são partes esquartejadas de mim e de minha vida abandonadas pelo chão, como cacos que não completam um todo. Minha auto-estima não foi parar pelo quinto subsolo porque meu orgulho não tem coragem de permitir que isso aconteça !

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