Casa de Sil de Polaris

Porque não se fica velho duas vezes !!!

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Local: Brazil

Eu sou proprietária dessa casinha magnífica que tem sofrido reformas ... ^^

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sorte eu não estar sob sol forte em momento algum ao adormecer naquela praia, protegida por aquele quiosque de palha, porque nenhum de meus companheiros de viagem foi capaz de acordar-me em momento algum. Eu dormi por duas ou três horas consecutivas ! Acordei sentindo-me molinha e preguiçosa, tocada suavemente pela luz solar, ouvindo ruído incessante e teimoso de ondas de mar. Minha tia preferida surgiu em breve, oferecendo caldo de almoço.


Uma cumbuca de caldo de camarão, muito quentinho e muito saboroso, que eu fui buscar no quiosque-restaurante à beira de praia ali ao lado. Isto abriu caminho para duas cumbucas extras de caldo quente e saboroso: de camarão novamente e de feijão obviamente. Minha gulodice natural ficou muito grata ! ^^ Mas era hora de ir ao mar, o que fiz assim que acordei direitinho e não senti minha barriguinha forrada pesando. Levantei-me, partindo em linha reta para nadar.


Entretanto aquele mar não estava para mergulho. Era lindo em seu tom degradê de azul e verde, mas estava recuando, em uma maré mansa que levava-o às profundezas, mal havendo água ali para que cobrisse meus tornozelos. Eu andei, andei, andei. Sem mudança ! Eu andei, andei, andei. Sem mudança ! Eu andei, andei, andei. Sem mudança ! Então eu andei, andei, andei, andei, andei, andei, andei, andei, andei, andei, cruzando com três canoas, cada qual maior que outra, mas quê !


Não houve mudança naquela profundidade: toda aquela água continuava mal cobrindo meus tornozelos ! Houve mudança naquela distância entre eu e meu quiosque certamente: eu mal via seu telhadinho, uma mancha marrom claro ao longe ! Aquelas canoas dançando pela água em meio a um mar que mal tocava meus tornozelos, comigo parecendo uma ilha, com água para todo lado, fizeram-me ficar apreensiva. Era hora de voltar antes que eu não pudesse voltar mais !


Posseidon era meu conhecido antigo, a quem eu nunca temera, mas eu sabia muito bem que ele era temperamental a ponto de lançar sua fúria contra quem não tinha culpa ao seu respeito. Sentei-me para refrescar meu corpo inteiro, deitando-me por um instante naquela piscina monumental, pois estava muito calor. Então levantei e voltei, girando em meus calcanhares, para não ser pêga em um recuo forte de maré que sugasse a mim em suas águas caprichosas.


Tinha uma tarde inteira pela frente, que eu passei tomando brisa morna vinda de mar e refrigerante gelado e sorvete de creme vindos de um quiosque próximo, à minha vontade, sem ter que ficar preocupada com carteira e com dinheiro porque era uma viagem feita pelo sistema all inclusive (tudo incluído), ou seja, estava tudo pago previamente, mesmo que eu não bebesse e não comesse em momento algum ! Muito cômodo. Muito prático. Muito relaxante. ^^


Nós fizemos dois passeios, criados por nossa conta e nosso risco: uma viagem diurna à uma praia fora daqueles limites daquele resort e uma volta noturna pelo mercado de artesanato daquela capital nordestina. Foi uma viagem mesmo até aquela praia ! Nós fomos parar em uma primeira praia, mas ela era escondida por um matagal, atrás de uma porteira esquisita, cujo ingresso era cobrado por pessoa. Ficaria um valor absurdo. Não era nossa praia almejada também (VIVA !).


Nós voltamos ao carro fretado para seguir adiante pela estrada de terra, chegando a outra praia cercada, que tinha bar, quiosque, restaurante em sua infraestrutura, não cobrando ingresso, mas era exploradora em seus preços de tudo e estava abarrotada de turistas por toda parte, o que não compôs um cenário convidativo. Partimos procurando pela praia que buscávamos, que não era aquela praia também (VIVA !). Rodamos um pouco mais, perdendo nossa estrada de terra.


O que fez com que víssemos o que deveria ser realidade para 95% daquela população daquele estado: casas paupérrimas, quase taperas, de alvenaria carcomida e pintura horrorosa, em cores tristes muito desbotadas, repletas de crianças nuas ou seminuas, de pele torrada pelo sol inclemente, brincando pelo barro de ruas sem asfalto ou calçamento diante de seus portões pequenos de madeira quebrada (quando havia portão !), de casa em casa. Muito aflitivo !


Vimos suas mães e seus pais ali por perto, espalhados pelo arremedo de calçada esfacelante, olhando para nosso carro com olhos compridos, ora raivosos, ora tristonhos, causando-me uma sensação de que eles viam-se como se fossem animais de safári observados por turistas de coração duro e frio que tivessem perdido seu rumo a caminho de uma praia. O que fazia-me pensar como um litoral riquíssimo poderia ter uma população paupérrima em sua maioria ...

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